Projeto de intercâmbio de dados: uma colaboração bem-sucedida da redeLEISH

Na reunião anual da redeLEISH de 2018, pesquisadores propuseram unir esforços para compartilhar informações coletadas por centros de pesquisa em leishmaniose cutânea(LC) na região sobre o tratamento e desfecho clínico de crianças com idade igual ou abaixo de 10 anos e adultos com idade igual ou acima de 60 anos. Estes grupos populacionais são de particular interesse porque geralmente não são incluídos em ensaios clínicos, por questões éticas e de segurança, e as orientações específicas para o tratamento não são claras em razão da escassez de evidências robustas. O objetivo da proposta feita aos centros participantes era o compartilhamento dos dados mais relevantes de suas bases de dados para que se pudesse descrever a efetividade e tolerabilidade dos tratamentos da LC usados na rotina, com o objetivo final de fornecer recomendações para os programas nacionais de leishmaniose na América Latina e melhorar o manejo desses pacientes com LC.

Hoje, 11 instituições da redeLEISH colaboraram no projeto. O TDR/OMS forneceu os recursos para a organização da coleta e a análise dos dados. A governança da colaboração se deu por meio de teleconferências mensais, permitindo ao grupo discutir e preparar conjuntamente todos os documentos do projeto, como o protocolo de estudo (aprovado por todos os respectivos comitês de ética), a base de dados, o plano de análise estatística, as análises e o relatório final. Mesmo com o atraso causado pela pandemia de COVID-19, o plano de contingência estabelecido pelo grupo, assim como o compromisso e esforço de todos os participantes, permitiu que o projeto fosse concluído com sucesso em março de 2021.

Com dados de 1.325 pacientes com LC (736 crianças com idade até 10 anos e 589 adultos com idade de 60 anos ou mais) tratados entre 2014 e 2018 nos dez centros participantes em quatro países, acreditamos que este seja o maior estudo colaborativo deste tipo para LC na região. Uma das lições aprendidas com o projeto é que o acompanhamento dos pacientes após o início do tratamento da leishmaniose ainda é um desafio significativo na região. A falta de informações sobre a resposta clínica foi o principal motivo de exclusão e a análise dos dados mostrou que apenas um pequeno número de pacientes principalmente entre crianças, apresentava informações de acompanhamento de duas consultas após o tratamento. Isto ressalta a necessidade de desenvolver estratégias para
melhorar o acompanhamento dos pacientes, com atenção especial para a população
pediátrica.

Como resultado indireto do projeto, alguns grupos estão reorganizando suas atividades de atendimento para melhorar o seguimento dos pacientes. Outra constatação importante é a necessidade de se aumentar e implementar o uso e acesso a opções de tratamento alternativas, como terapias locais (termoterapia, aplicação intralesional de antimoniais), miltefosina e anfotericina B lipossomal, especialmente nos pacientes mais velhos. Este estudo regional documenta que os antimoniais sistêmicos ainda são muito usados nestas populações especiais, apesar da conhecida toxicidade, das contraindicações em pacientes idosos e da onga duração do tratamento, resultando em uma carga social, logística e financeira tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde.

A utilização de tratamentos diferentes dos antimoniais ajudará a alcançar a “ação crucial 1 para a LC” do roteiro 2030 para Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS, que tem por objetivo “desenvolver e expandir tratamentos orais ou tópicos fáceis de administrar e que poderiam ser usados em centros de saúde”. Estamos coordenando a divulgação dos resultados desta colaboração produtiva e bem-sucedida, que incentiva outras iniciativas regionais a atender às necessidades desassistidas importantes por meio de iniciativas similares de cooperação interinstitucional.

Artigo originalmente publciado no Boletim informativo da redeLEISH

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